Ela dissesse o que quisesse. Não adiantava mais. Ele estava decidido. Viajaria nas férias para Costa do Sauípe na Bahia e se ela recussasse ir junto que ficasse em casa. Nada mais justo.
Chorando copiosamente como a "ursupadora" ou a Maria do Bairro do Luis Fernando, implorava para que ele não fosse, que passassem as férias juntos, já que era inverno e para o frio era mesmo mais propício uma lareira que praia.
Haviam brigado há duas semanas. Ela achara em seu paletó, não uma marca de batom, mas um perfume esquisito. De outra mulher, obviamente. Depois de terem discutido, acordado toda a vizinhança com xingamentos e panelas, alá protestos argentinos, tomando toda a avenida e ele ter negado tudo, claro, pôs-se ela a deixar para lá de forma muito estranha e abrupta. Nos dias que se seguiram fez comidinhas exóticas, sobremesas engordativas. Não preciso nem dizer que ele gostou, apesar de ser a coisa mais incomum depois de 15 anos de casamento.
Eis que chegam as férias e viajar ou não viajar, mas ficarem juntos, poderia significar o reacender da chama da paixão como dizem por aí. Mas não, ele foi, ela ficou. Tranquila e com ar de conformidade, fez limpeza de pele, drenagem linfática, foi à academia, assistiu comédias românticas, foi a uma boate. Atendeu a porta, recebeu outro homem, realizou um grande sonho: fez sua primeira streep-tease. Realizou todas as suas mais loucas fantasias. Fez as malas enquanto o rapaz tomava banho, pegou tudo de mais importante: a coleção de cds do Martinho da Vila, a preferida de seu marido, bem como o baralho utilizado para suas jogadas de pocker, deu de presente ao rapaz a chave de casa e foi embora.
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